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terça-feira, maio 18

O futuro da cidade

Temos visto na cidade de Campo Grande um completo desrespeito pela legislação e pela estética urbana. Além do já questionado problema das torres da Plaenge , que numa afronta à lei do uso do solo e aos seus limites de intervenção em fundos de vale , surgem de forma assustadora uma série de condomínios fechados dentro do Parque dos Poderes , com portarias de acesso ( ou seriam porcarias ?) simplesmente chocantes do ponto de vista estético e de extrema infelicidade visual. Não bastasse o impacto ambiental que esses condomínios trarão para o equilíbrio ecológico e sistêmico do parque , a falta de clareza plástica e funcional dessas intervenções é de assustar qualquer um que tenha um mínimo de senso estético.
Muito tem se criticado nas últimas décadas o modelo urbanístico da Carta de Atenas. A própria idéia do parque , é inclusive , fruto desse ideário , pois ao se optar pela retirada do centro político e administrativo da cidade para uma área nos altos da Afonso Pena , se planejava uma nova capital com todos os preceitos da Carta , como hierarquização das vias , setorização , afastamento dos edifícios da beirada dos lotes, independência da massa construída do setor viário , etc. Aliás , hoje têm-se pregado exatamente o contrário , retorno aos centros históricos , valorização das vizinhanças, ocupação das praças , reutilização de prédios e áreas degradadas, etc. Porém , o que temos presenciado em nossa cidade é uma voraz especulação imobiliária e financeira , sem que o poder público tome qualquer iniciativa no sentido de coibi-la , pois tem os meios legais para isso.
Hoje em dia , para se aprovar um projeto pequeno na Prefeitura de Campo Grande leva-se de dois a seis meses , sem contar levantamento cadastral , IPTU,licença ambiental , etc. Essa burocracia para os escritórios pequenos parece não afetar as grandes construtoras que erguem seus monstrengos em tempo recorde e sem ouvir ninguém. Está mais do que na hora um repensar do futuro da cidade , com todos os agentes envolvidos na questão urbana , pois temos um novo estatuto nacional para as cidades que precisa ser aplicado em nossa capital sob o risco de perdermos o controle ambiental , estético e urbanístico de seu crescimento.


Cesar Esteves

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